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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CAPITAL X TRABALHO


Ilustração: Flavio Morais

Somos títeres
Nas mãos de déspotas
Dão-nos víveres
De boa ingesta
E segue a festa
A nós: pão e circo
A eles: tudo o que resta.

UM QUE TENHA



"Navegar é preciso". Necessário ou exato, sei lá eu! O que verdadeiramente importa é que, navegando nas caudalosas e imprecisas águas da Internet, deparei-me com o surpreendente blog Um que Tenha (pode escolher, desde que seja UM QUE TENHA). O sítio disponibiliza um inestimável acervo musical, com álbuns raríssimos e completos para download gratuito, abarcando uma considerável parcela de artistas, autores, intérpretes, músicos etc. do nosso belíssimo cancioneiro brasileiro. A política do referido blog, segundo o próprio autor, é "divulgar a música e os artistas brasileiros e difundir o prazer de ouvi-los, sem que isso resulte em ônus ou benefício financeiro direto ou indireto para ninguém". Fantástico! A única restrição do blog - o que eu, como fiel partidário da pirataria, considero um pequeno pecado - é que são disponibilizados tão-somente álbuns lançados a mais de três anos (alguns, inclusive, já fora de catálogo), o que, convenhamos, dada a infinidade de raridades musicais das mais variadas épocas postas a dois cliques dos nossos ouvidos, é perfeitamente perdoável. Para aqueles que, como esse que cá rabisca, amam a música brasileira e a consideram única e superior, é um prato fundo cheio!

Um clique na imagem acima remete ao blog e o link permanecerá ali no [b]ionicão RECOMENDA.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

COISAS

Se as coisas não vão bem
Ao menos elas existem: as coisas e seus devires
Pois, se nada mais existir para ir ou vir, mal ou bem
Aí, as coisas vão mal, mesmo. Muito mal...
Sabê-las e senti-las indo ou vindo
Mal ou bem
É, como as coisas, existir também.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

AINDA SEM MUITO O QUE DIZER...


Ter um blog não significa, em hipótese alguma, compromissar-se a escrever periodicamente, mas, sim, possuir um espaço adequado em que se possa escrever de forma irresponsável e desobrigada, sempre que se lhe aprouver, e ainda correr o sério risco de ser lido.

Acho que ando levando muito a sério a primeira parte dessa assertiva. Quanto à parte final, considero o risco remoto e aceitável.

sábado, 22 de outubro de 2011

VOLTANDO...

... sem muito o que dizer. Escutemos música, então. Deixo-lhes na companhia da excelente Roberta Sá, interpretando a belíssima Pressentimento, de Élton Medeiros. Mais um flerte entre duas gerações do samba a provar que nem tudo está perdido. Ali, no ESCUTA ESSA!

sábado, 8 de outubro de 2011

PRATO FRIO

Serviram-mo frio
Sem acompanhamentos
Salvo a tristeza e a culpa
Meus fiéis circunstantes

Queria-o quente, agora
Muito embora
Outrora
Quando me servido quente
Não o tenha sabido apreciar a pleno

Queria-o quente
E corresponder à quentura
Com toda a candura
De que nunca dispus

Nunca o tinha pensado frio
Sempre serviram-mo quente
E quente fazia-me bem
Quente, era-me o alento
A referência subjacente
O mais belo sustento
De quem, em pleno vôo
Alçado faz muito
Sabia-se, ainda, mero rebento

Serviram-mo frio
Caiu-me indigesto
Passei muito mal
Confesso, chorei

Não há mais o ninho
No qual fiz-me homem
No entanto, resta o legado
De amor e carinho
E de ser quem eu sou

Serviram-mo frio
Nem vinhos, nem pães
Apenas, tão-só
O corpo da mãe.

domingo, 24 de julho de 2011

PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UM FÃ LEIGO

Um breve chio como prenúncio, um I tônico, porém discreto, e um corte seco e conclusivo: CHICO.

O título do mais recente disco de Chico Buarque não poderia ser mais apropriado. Sintetiza com plenitude o teor lírico e minimalista do álbum, onde a concisão se faz presente até mesmo na quantidade de faixas: apenas dez - a qualidade sobrepondo-se à quantidade, mais uma vez.

CHICO (2011) ratifica definitivamente o viés literário e romântico que o autor vem imprimindo às suas canções já há algum tempo, o que nos faz recordar do Chico político e engajado com uma certa nostalgia. É uma obra de pouca firula, nenhuma pirotecnia e um lirismo comovente. As canções são de uma sonoridade desconcertante, podendo-se perceber nitidamente cada instrumento com seus timbres característicos, cada nota e cada pausa. As melodias, como em As Cidades (1998) e Carioca (2006), são complexas e pouco "orelháveis", exigindo um pouco mais do que uma primeira audição para serem decifradas e bem saboreadas. As letras, em momentos, desafiam saborosamente a prosódia e a boa métrica, o que, embora gere um estranhamento inicial, leva-nos à conclusão, após nos aproximarmos delas, de que não poderia ser de outra forma sem perder boa parte da beleza. Enfim, um primor. Deguste-o sem parcimônia.

sábado, 16 de julho de 2011

ESTAVA SEM NADA PRA FAZER...

Numa vã tentativa de pejorar (não te acanhes em usar o Dicionário de Português, ali, à direita. He, he...) este humilde pasquim digital, cuspiram-me a cara com o seguinte maledicente dizer: "quando não tenho nada pra fazer, leio o teu blog". Curiosamente, a cusparada me fez bem. Considerei que as mais prazerosas coisas que eu cotidianamente faço, faço-as quando nada mais tenho a fazer (entre outras coisas, escrever). Afazeres, primeiro; prazeres, depois. Meus prazeres não são agendados ou premeditados, são espontâneos e imprevisíveis. Portanto, não posso querer o [b] como mais uma tarefa ou compromisso inadiável para os meus já tão assoberbados leitores – tampouco para mim, que o concebo com incomum regozijo. Este panfleto virtual pretende-se somente prazer descompromissado, livre de agendas ou cartões-ponto. O dito, embora ferino na essência, fez-me sentir vitorioso, coroando minha pretensão – e, de lambuja, ainda rendeu-me este post, que alguém talvez leia quando mais nada tiver pra fazer. Quando mais nada há que se fazer, resta o prazer.

RECAÍDA

Sei que não posso
Compreendo: não devo
Mas, hoje, só hoje
Eu me permito
Pois hoje eu mereço
Hoje eu preciso
Se quiser - mas não quero -, eu evito
Eu é que sei de mim e do preço

Engano-me somente a mim
Com esse ardil
Sofisma vil
No qual nem eu acredito.